Direito Agrário

IBGE calcula em R$ 18,4 bilhões o valor do extrativismo vegetal e da silvicultura no Brasil em 2015

Direito Agrário

Em 2015, o valor da extração vegetal e silvicultura somou R$ 18,4 bilhões. A silvicultura (obtida em florestas plantadas) contribuiu com 74,3% (R$ 13,7 bilhões) do total, enquanto a extração vegetal (coleta ou apanha de produtos em matas e florestas nativas) participou com 25,7% (R$ 4,7 bilhões).

A participação de produtos madeireiros na extração vegetal chegou a R$ 3,2 bilhões e a de não madeireiros somou R$ 1,5 bilhão. Na silvicultura, os quatro produtos madeireiros somaram R$ 13,4 bilhões e os três não madeireiros, R$ 292,9 milhões.

O grupo de produtos alimentícios foi o que apresentou o maior valor da produção extrativa não madeireira em 2015, participando com 69,4% do valor total, seguido pelas ceras (14,8%), oleaginosos (8,3%) e fibras (7,0%).

Embora o número de produtos em crescimento no extrativismo tenha sido menor em relação a 2014 (de 15 para 13 produtos), o açaí mostrou o maior crescimento absoluto (17,9 mil toneladas a mais que em 2014). Entre os 21 produtos com queda na produção, o maior decréscimo foi o da produção de amêndoas de babaçu (-6,0 mil toneladas). Todos os produtos madeireiros do extrativismo vegetal caíram em 2015.

É o que mostra a pesquisa da Produção da Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS) 2015, que investiga 38 produtos oriundos do extrativismo vegetal e sete da silvicultura. Aborda informações sobre a variação da produção, sua distribuição espacial e a produção dos produtos madeireiros e não madeireiros, assim como a participação dos segmentos da extração vegetal e da silvicultura no valor da exploração florestal. Há informações para Brasil, grandes regiões, estados e para todos os 5.570 municípios.

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Os produtos com maior valor da produção em 2015 foram o açaí (R$ 480,6 milhões), a erva-mate nativa (R$ 396,3 milhões) e a castanha-do-pará (R$ 107,4 milhões), nos alimentícios; nas ceras, o pó de carnaúba (R$ 195,6 milhões); nos oleaginosos, as amêndoas de babaçu (R$ 107,7 milhões); e nas fibras a piaçava (R$ 101,3 milhões). Juntos, estes produtos representaram 91,4% do valor total da produção extrativista vegetal não madeireira.

O extrativismo vegetal não madeireiro, em sua maioria, se concentra na região Norte, com destaque para o açaí (93,1%) e a castanha-do-pará (94,9%). Na região Nordeste está a maior parte das produções de amêndoas de babaçu (99,7%), fibras de piaçava (96,1%) e pó de carnaúba (100,0%). A região Sul concentra erva-mate (99,9%) e pinhão (85,5%).

Produção de açaí cresce 9,0%, enquanto a de babaçu em amêndoa cai 7,1%

Em 2015, apenas 13 produtos do extrativismo apresentaram produção com variação positiva, enquanto em 2014 haviam sido 15. O açaí teve o crescimento mais expressivo em números absolutos, passando de 198,1 mil toneladas em 2014 para 216,1 mil toneladas em 2015, uma alta de 9,0%.

Vinte e um produtos registraram decréscimo de produção. A maior delas foi na produção de babaçu em amêndoa, que passou de 83,9 mil toneladas em 2014 para 78,0 mil toneladas em 2015 (-7,1%).

Em 2015, todos os produtos madeireiros do extrativismo vegetal apresentaram queda: carvão vegetal (-21,9%), lenha (-6,8%), madeira em tora (-3,2%), nó-de-pinho (-55,3%) e o número de árvores abatidas do pinheiro-brasileiro nativo (-40,0%).

A produção madeireira da silvicultura tem a região Sudeste como a principal produtora de carvão vegetal (84,6%) e de madeira em tora para papel e celulose (36,9%). A região Sul responde por 65,1% da lenha e 66,6% da madeira em tora para outras finalidades. A produção não madeireira da silvicultura também está concentrada nas regiões Sudeste e Sul. A de cascas de acácia-negra só é encontrada no Sul e as produções de folhas de eucalipto (94,7%) e de resina (73,7%) estão na região Sudeste.

Tabela 1 – Quantidade produzida e variação percentual dos produtos da extração vegetal e da silvicultura – Brasil 2014 e 2015

Produtos
Quantidade produzida (t)
Variação
2014
2015
(%)
Extração vegetal
   Borrachas
      Hévea (Látex Coagulado)
1.446
1.447
0,1
      Hévea (Látex Líquido)
93
52
(-)44,1
   Gomas não elásticas
      Sorva
1
1
0,0
   Ceras
      Carnaúba (Cêra)
1.948
2.060
5,7
      Carnaúba (Pó)
19.137
19.974
4,4
      Outras
   Fibras
      Buriti
466
451
(-)3,2
      Carnaúba
1.878
1.298
(-)30,9
      Piaçava
45.758
44.805
(-)2,1
      Outras
371
286
(-)22,9
   Tanantes
      Angico (Casca)
131
112
(-)14,5
      Barbatimão (Casca)
5
5
0
      Outros
2
2
0
   Oleaginosos
      Babaçu (Amêndoa)
83.917
77.955
(-)7,1
      Copaíba (Óleo)
164
153
(-)6,7
      Cumuru (Amêndoa)
103
97
(-)5,8
      Licuri (Coquilho)
3.744
4.072
8,8
      Oiticica (Semente)
16
12
(-)25,0
      Pequi (Amêndoa)
1.381
2.228
61,3
      Tucum (Amêndoa)
484
489
1
      Outros
632
674
6,6
   Alimentícios
      Açaí (Fruto)
198.149
216.071
9
      Castanha de Caju
2.489
2 280
(-)8,4
      Castanha-do-Pará
37.499
40.643
8,4
      Erva-Mate
333.017
338.801
1,7
      Mangaba (Fruto)
685
663
(-)3,2
      Palmito
4.729
4.669
(-)1,3
      Pequi (Fruto)
19.241
18.866
(-)1,9
      Pinhão
8.777
8.393
(-)4,4
      Umbu (Fruto)
7.466
8.094
8,4
      Outros
2.280
2.412
5,8
   Aromáticos, Medicinais, Tóxicos e Corantes
      Ipecacuanha
1
1
0
      Jaborandi (Folha)
252
238
(-)5,6
      Urucu (Semente)
0
0
0
      Outros
206
225
9,2
   Madeiras
      Carvão Vegetal
1.021.062
796.996
(-)21,9
      Lenha (1)
28.907.313
26.944.953
(-)6,8
      Madeira em Tora (1)
12.718.795
12.308.702
(-)3,2
   Pinheiro-Brasileiro
      Nó-de-Pinho (1)
13.108
5.854
(-)55,3
      Árvores Abatidas (2)
100
60
(-)40
      Madeira em Tora (1)
141.225
98.949
(-)29,9
Silvicultura
   Carvão Vegetal
6.219.361
5.390.315
(-)13,3
   Lenha (1)
56.170.820
54.976.320
(-)2,1
   Madeira em Tora
      p/ Papel e Celulose (1)
71.999.037
76.814.565
6,7
      p/ Outras Finalidades (1)
51.877.770
47.153.401
(-)9,1
   Cascas de Acácia-Negra
69.991
62.946
(-)10,1
   Folhas de Eucalipto
24.600
36.462
48,2
   Resina
72.007
95.831
33,1

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2014-2015.
(1) Quantidade declarada em m³. (2) Quantidade em 1 000 árvores.

Extração de açaí cresce 9,0%

A produção de açaí em 2015 foi de 216,1 mil toneladas, um acréscimo de 9,0% em relação a 2014. Os principais estados produtores foram Pará (58,3%) e Amazonas (30,4%). Os três principais municípios produtores continuam sendo Limoeiro do Ajuru (PA), Codajás (AM) e Oeiras do Pará (PA).

A erva-mate apresentou um aumento de 1,7% em relação a 2014, alcançando 338,8 mil toneladas em 2015. Esta produção foi obtida em apenas quatro estados, sendo o Paraná o maior produtor (86,4%). Com exceção de Fontoura Xavier (RS) e Guatambu (SC), os demais municípios que compõem a lista dos 20 maiores produtores são paranaenses, sendo São Mateus do Sul, Cruz Machado e Bituruna, os principais produtores.

Piauí e Ceará responderam por 96,9% da produção nacional de pó cerífero de carnaúba, que totalizou 20,0 mil toneladas em 2015, um aumento de 4,4% em relação a 2014. Contribuíram também para esta produção o Maranhão e o Rio Grande do Norte. Granja, Camocim e Santana do Acaraú são os maiores produtores do Ceará, enquanto que Campo Maior, Piripiri e Piracuruca são os principais produtores do Piauí.

O Maranhão responde por 94,5% da produção de amêndoas de babaçu, que atingiu 78,0 mil toneladas em 2015, 7,1% inferior à de 2014. Todos os 20 maiores municípios produtores são do Maranhão e respondem por 58,4% do total. Os principais são Vargem Grande, Pedreiras e Poção de Pedras.

Extraídas somente em quatro estados, sendo a Bahia o principal (96,0%), as fibras de piaçava registraram uma produção de 44,8 mil toneladas em 2015, um decréscimo de 2,1% em relação a 2014. Apenas dois municípios arrolados como os 20 maiores produtores não estão na Bahia: Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, ambos no Amazonas. Ilhéus, Nilo Peçanha, Cairu, Ituberá e Canavieiras, são os principais produtores da Bahia que, junto com Barcelos, responderam por 90,6% da produção nacional.

O Acre, com 14,0 mil toneladas, foi o principal produtor de castanha-do-pará, seguido por Amazonas (14,0 mil toneladas), Pará (8,0 mil toneladas), Mato Grosso (2,1 mil toneladas), Rondônia (2,0 mil toneladas), Amapá (473 toneladas) e Roraima (155 toneladas). A produção destes estados chegou a 40,6 mil toneladas, uma alta de 8,4% em relação a 2014. Sena Madureira, Rio Branco e Brasiléia, são os principais produtores do Acre. Coari e Humaitá se destacam no Amazonas, e Oriximiná e Óbidos, no Pará.

Produção de resina cresce 33,1%

A produção de resina cresceu 33,1%% em 2015. Das 95,8 mil toneladas produzidas, São Paulo contribuiu com 64,3%, seguido por Rio Grande do Sul (18,4%), Minas Gerais (9,4%), Mato Grosso do Sul (4,9%), Paraná (2,1%) e Bahia (0,8%). Os maiores produtores são Santa Vitória do Palmar (RS), Itapirapuã Paulista (SP) e Buri (SP).

O Rio Grande do Sul é o único produtor de cascas de acácia-negra, com 62,9 mil toneladas em 2015, uma queda de 10,1% em relação a 2014. Os maiores municípios produtores são Brochier, Santa Maria do Herval e Montenegro.

Em 2015 a produção de folhas de eucalipto foi obtida em apenas 16 municípios. O total de 36,5 mil toneladas foi 48,2 % superior ao de 2014. Os principais produtores são São João do Paraíso (MG), Ninheira (MG), e Ubirajara (SP).

Extração de carvão vegetal cai 21,9%

Em 2015, a produção de carvão vegetal extrativo foi de 797,0 mil toneladas, um decréscimo de 21,9% em relação ao ano anterior. Os principais estados produtores foram o Maranhão (229,3 mil toneladas), Piauí (154,9 mil toneladas), Bahia (103,0 mil toneladas), Mato Grosso do Sul (100,1 mil toneladas) e Tocantins (70,2 mil toneladas). As maiores produções municipais foram em Grajaú (MA), Jerumenha (PI), Baianópolis (Ba) e Regeneração (PI).

Seguindo a tendência dos últimos anos, a produção de lenha do extrativismo apresentou, em 2015, uma queda de 6,8% em relação a 2014. O total obtido foi de 26,9 milhões de m³, dos quais a Bahia participou com 19,4%, seguida por Ceará (12,0%), Maranhão (8,6%), Pará (8,1%) e Piauí (7,4%), que, juntos, produziram 55,6% do total nacional. Na Bahia, a maior produção municipal foi em Xique-Xique; no Ceará, em Santa Quitéria; no Maranhão, em Loreto; no Pará, em Baião; e em Pernambuco, em Petrolina.

Em 2015, a produção de madeira obtida nas florestas nativas foi de 12,3 milhões de m³, um decréscimo de 3,2% em relação a 2014. Participaram como os principais produtores os estados do Pará (33,7%), Mato Grosso (24,9%), Rondônia (15,2%), Amazonas (6,0%) e Amapá (5,5%). Os principais municípios produtores foram Portel (PA), Porto Velho (RO) e Aripuanã (MT).

Produção de carvão vegetal da silvicultura cai 13,3%

A produção de carvão vegetal da silvicultura em 2015 foi 13,3% inferior à obtida em 2014. A queda na demanda por parte da indústria, em especial a siderúrgica colaborou para o decréscimo da produção, que atingiu 5.390.315 toneladas.

Minas Gerais, principal produtor, contribuiu com 82,8%, seguido pelo Maranhão (9,8%) e Bahia (2,1%). Juntos, foram responsáveis por 94,7% da produção nacional. Deste total, 98,8% foi oriunda de plantios de eucaliptos. Mato Grosso do Sul foi o maior produtor de carvão vegetal de pinus e o Rio Grande do Sul o que mais utilizou outras espécies florestais para produção de carvão.

Dos 20 maiores municípios produtores, com exceção de dois do Maranhão (Bom Jardim e Açailândia) e um de Mato Grosso do Sul (Ribas do Rio Pardo), todos são de Minas Gerais, onde se destacam Itamarandiba e João Pinheiro.

O total de lenha produzido em 2015 foi de 55,0 milhões de m³, um decréscimo de 2,1% em relação a 2014. Paraná, com 27,6% do total produzido, foi o principal estado produtor, seguido por Rio Grande do Sul (22,5%), Santa Catarina (15,0%), Minas Gerais (10,9%) e São Paulo (10,8%). Telêmaco Borba e Jacarezinho (ambos no PR); Butiá (RS); Rio Verde (GO); e Socorro (SP) se destacaram no ranking maiores produtores municipais.

A madeira em tora para papel e celulose foi o único produto madeireiro da silvicultura a apresentar variação positiva (6,7%) quando comparadas as produções de 2015 e a do ano anterior. O total produzido foi de 76,8 milhões de m³, sendo São Paulo o principal estado produtor (15,6 milhões de m³), seguido por Bahia (11,1 milhões de m³), Paraná (11,1 milhões de m³), Mato Grosso do Sul (9,4 milhões de m³) e Minas Gerais (8,2 milhões de m³). Juntos, responderam por 72,1% da produção nacional.

Cerca de 83,0% da madeira produzida foi proveniente de plantios de eucaliptos. Os estados onde a produção de madeira de pinus são mais expressivas são o Paraná, onde este gênero respondeu por 72,3% da produção, e Santa Catarina, responsável por 80,9% do total do estado. Os principais municípios foram Três Lagoas, Brasilândia e Ribas do Rio Pardo (todos em MS); Telêmaco Borba (PR); e Ulianópolis (PA).

Do total de madeira em tora para outras finalidades produzidas no país, 51,5% foram extraídos de plantios de eucalipto e 45,8% de florestas plantadas com pinus. A produção em 2015 foi de 47,2 milhões de m³, um decréscimo de 9,1% em relação a 2014. A região Sul foi a principal produtora, seguida por Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Os principais estados foram Paraná (16,4 milhões de m³), Santa Catarina (8,5 milhões de m³), São Paulo (6,9 milhões de m³), Rio Grande do Sul (6,4 milhões de m³) e Minas Gerais (4,7 milhões de m³). Os primeiros colocados no ranking dos maiores produtores municipais foram General Carneiro, Cerro Azul, Jaguariaíva e Cruz Machado (todos no PR); Taquari (RS) e Itatinga (SP).

Área da silvicultura alcança 9,9 milhões de hectares em 2015

A área ocupada com a silvicultura em 2015 foi de 9,9 milhões de hectares (ha), dos quais 74,9% estavam plantados com eucaliptos, 20,8% com pinus e 4,3% com outras espécies.

A região Sul é a que detêm a maior área plantada com 3,8 milhões de ha, sendo 1,7 milhões de ha com eucaliptos, 1,9 milhões de ha com pinus e 226,7 mil ha com outras espécies. O Paraná (1,6 milhão de ha) detém a maior área, seguido por Rio Grande do Sul (1,2 milhão de ha) e Santa Catarina (991 mil ha).

Os cinco municípios com as maiores áreas com florestas plantadas foram Três Lagoas (MS), Ribas do Rio Pardo (MS), Itaubal (AP), Telêmaco Borba (PR) e João Pinheiro (MG).

Fonte: IBGE, 27/10/2016.

Veja também:

– Albenir Querubini – Decreto 8.375/2014 é um avanço positivo para o setor da silvicultura, Revista Consultor Jurídico, 29 de dezembro de 2014.

– Georges Humbert – A importância do setor florestal.

– Garantia de preço mínimo para produtos do extrativismo obtidos por agricultores familiares (Portal DireitoAgrário.com, 27/06/2016)